terça-feira, 21 de setembro de 2010

Loucos e livres

Esos Locos Bajitos


A menudo los hijos se nos parecen,
y así nos dan la primera satisfacción;
ésos que se menean con nuestros gestos,
echando mano a cuanto hay a su alrededor.

Esos locos bajitos que se incorporan
con los ojos abiertos de par en par,
sin respeto al horario ni a las costumbres
y a los que, por su bien, (dicen) que hay que domesticar.

Niño,
deja ya de joder con la pelota.
Niño,
que eso no se dice,
que eso no se hace,
que eso no se toca.

Cargan con nuestros dioses y nuestro idioma,
con nuestros rencores y nuestro porvenir.
Por eso nos parece que son de goma
y que les bastan nuestros cuentos
para dormir.

Nos empeñamos en dirigir sus vidas
sin saber el oficio y sin vocación.
Les vamos trasmitiendo nuestras frustraciones
con la leche templada
y en cada canción.

Nada ni nadie puede impedir que sufran,
que las agujas avancen en el reloj,
que decidan por ellos, que se equivoquen,
que crezcan y que un día
nos digan adiós.

Letra e música do cantor espanhol Juan Manuel Ferviat

Belíssima!
Essa canção me falou fundo sobre a necessidade de se respeitar as crianças como seres autônomos em sonhos e vivências, e não seres domesticáveis e depositários de alegrias e frustrações acumuladas.
Há que se voar, acreditar e amar como elas! 


sábado, 7 de agosto de 2010

O boneco de massinha




Compartilhando lembranças com uma amiga ontem, me lembrei de um episódio entre mim e meu irão caçula, que na época tinha por volta de seis anos.
Fomos a uma Feira de Livros e assistimos a uma contação de histórias e todas as ilustrações do livro apresentado tinham sido feitas de massinha.
Como era véspera do dia dos pais, ao final da contação, as crianças foram convidadas pelo autor a fazer bonecos de massinha.
Passo a passo, ele ia ensinado como montar as partes do corpo: cabeça, olhos, cabelos...
A indicação era para que as partes ficassem o mais parecidas possível com os pais.
Enquanto as crianças se esforçavam na confecção de suas representações, meu irmão me olhava desconcertado, porque ele não sabia representar algo de que ele não se lembrava, algo que ele não conhecia.
No fim das contas, dividimos a massinha e fizemos bonecos um do outro.
Ao relembrar essa experiência, fiquei pensando no quanto é importante que tenhamos referências e que as preservemos.
Lembranças e referências de pessoas queridas, referências sobre os lugares de onde viemos e sobre quem somos, pois acho que são essas e outras referências que nos ajudam a manter as nossas convicções e esperanças a despeito do descrédito com o qual tantas vezes somos tratados.
Elas nos ajudam a elaborar o tão necessário exercício da autocrítica nos nossos grupos, no nosso trabalho, na nossa vida.
A partir do entendimento de que podemos manter nossas convicções, talvez fique mais fácil tentar enxergar  nas limitações do outro, as limitações que também carregamos, aceitando que sempre seremos limitados sobre milhares de assuntos e experiências.
Naquele dia, pude enxergar com mais clareza do que em qualquer texto acadêmico, que não podemos representar aquilo que não somos, assim como não podemos defender com veemência aquilo em que de fato não acreditamos.




sábado, 12 de junho de 2010

Delírios filosóficos...


Há algum tempo atrás fui assistir ao filme Homem de Ferro e saí do cinema fazendo uma analogia meio louca.

Guardadas as devidas proporções, o criador do personagem e do universo Marvel Stan Lee e o filósofo italiano Nicolau Maquiavel nos brindaram com visões inovadoras, ao pensar o ser humano e a política tal como eram e não como deveriam ser.


O personagem do filme, interpretado por Robert Downey Jr. tem tudo o que o torna bastante humano: é vaidoso, impulsivo e egocêntrico. Além disso, fica doente e tem suas tristezas e frustrações como qualquer reles mortal.

Já Maquiavel é essencial à Filosofia Política, e é mais atual do que nunca. Foi o primeiro a pensar a política desvinculada de preceitos religiosos e idealistas. Para se encarar a política como via de mudança, é preciso antes enxergar a realidade que nos cerca. Bela lição, não é?

Se os nossos representantes (e aspirantes a) políticos partissem da realidade e não de sonhos megalomaníacos, talvez fosse mais fácil pensar planos de governo sem falsas promessas de campanha e a posteriori construir uma administração pública mais coerente.

A questão que me fez pensar com ambos é que primeiro é preciso ter a humildade de conhecer as nossas limitações para buscar ultrapassá-las.



Assim, passaremos a enxergar a realidade e compreender que o heroísmo pode estar nas pequenas ações do cotidiano, como tratar as crianças como responsabilidade coletiva, ceder o lugar para os idosos nos transportes coletivos ou separar o lixo das nossas casas e dos nossos pensamentos. Aí, quem sabe conseguiríamos sair do idealismo saudosista que é expresso na frase que muito tenho ouvido: “no meu tempo, não era assim...”.

Enxergando a nós mesmos e à nossa realidade com mais humanidade poderíamos buscar mudanças através de meios políticos, assumindo a responsabilidade de enxergar além do próprio umbigo.

Talvez conseguíssemos deixar (ou tentar deixar de ser) gente pequena, de abertura pequena, de sorriso pequeno, de vontade pequena e de imaginação pequena.

Afinal de contas, acabei de me lembrar da bonita visão rousseaniana acerca do ser humano.



Já tive fases hobessianas, mas quando comecei a trabalhar com as crianças e a olhar nos olhos de cada uma delas enxergando a criança que um dia fui obrigo-me a insistir na esperança de que dias melhores, pessoas melhores e uma humanidade melhor virão.


quinta-feira, 25 de março de 2010

Andy and Brazil


Semana passada fui à abertura da exposição “Andy Warhol – Mr. América” na Estação Pinacoteca e achei muito interessante a visão apaixonada do artista sobre as maravilhas do “american way of life”.


As obras apresentadas são bastante variadas, incluindo 26 pinturas, 58 gravuras, 39 fotografias, 2 instalações (nuvens de prata e papel de parede), além de 44 filmes que serão exibidos sobre diferentes períodos da produção artística de Warhol (especialmente no período de 1961 a 1968). Assim sendo, tive a oportunidade de ver obras que vão além dos famosos trabalhos sobre Marylin Monroe que é quase impossível não conhecer.



Deixando as opiniões pessoais de lado sobre a cultura estadunidense (pois americanos somos também), é injusto não considerar o artista com o respeito merecido (e conquistado).

Sempre enxerguei Andy Warhol com um pouco de reservas, como um artista tão vanguardista quanto excêntrico. O bacana, no entanto, é que acabo de fazer uma revisão de alguns de meus conceitos.

As cores presentes nos trabalhos são extremamente vivas, e é impossível não se envolver na atmosfera criada.

Gostei muito dos trabalhos de fotografia, feitas com as famosas máquinas Polaroid. Para mim, as melhores são aquelas que se referem ao artista transformado em diferentes rostos de drag-queens.


Outro trabalho muito legal diz respeito ao nosso monarca tupiniquim, Pelé. Mas a este respeito, a surpresa mais grata foi o comentário que Warhol teria feito: achara o atleta muito agradável, assim como a sua família, e ao observar as cores dos pais de Pelé (bem como de sua esposa), a sua apreensão teria sido a de que “no Brasil todos possuem cores diferentes”.


Well, e não deixa de ser verdade?

Termino entusiasmada com o fato de, apesar das enganações do mundo dos “self made men”, tornou-se possível para eu pensar em uma arte a favor da diversidade. Das drag-queens às diversas cores em telas e em rostos.

Viva a diversidade em todos os sentidos!

terça-feira, 23 de março de 2010

Soundtracks

Se tivermos a sorte de envelhecer nesse mundo maluco, é provável que olhemos para trás e junto das  nossas memórias mais queridas, estarão músicas que marcaram esses momentos.

Talvez até lá eu tenha me esquecido de algumas trilhas, mas hei de me emocionar, assim como hoje, ao ouvir as doces melodias de Ennio Morricone, que conheci ao assistir a obra prima que é o filme "Cinema Paradiso". 

Stravinsky me inquieta e Morriconi me acalma. Ambos me fazem pensar na capacidade de transcendência do ser humano, e é uma pena que a inteligência é dirigida na maioria das vezes à satisfação de desejos egoísticos. 

Compartilho com vocês essa massagem na alma, que faz ouvidos e coração agradecerem.




domingo, 21 de março de 2010

Cinema

O bem vence o mal?

Sou totalmente pacifista, mas na sétima arte não há como negar que os vilões são de longe muito mais  interessantes.
De Bette Davis a Christoph Waltz, eles são sedutores, inteligentes e perspicazes. Confesso que os aprecio mais do que aos mocinhos água-com-açúcar que mais parecem "Kinder ovos": cascas bonitas e finas, mas com conteúdos muito sem graça.




Mas os reles mortais precisam do alento maniqueísta.

Finais de filmes e novelas que não seguem o script da "justiça final" fazem com que os reles mortais sintam-se grandemente frustrados.

Finais felizes muitas vezes são pura fantasia, pois a vida real se dá aos tropeços e nem sempre o mocinho se dá bem no final.

Como diria He-man numa musiquinha de idos dos saudosos 80: o bem vence o mal, vence o temporal, o azul, o amarelo, tudo é muito belo... . será mesmo?? De qualquer forma, recordar é viver.